Pesquisa: Victor Correia
Ingácio [Inácio] de Viveiros Raposo nasceu em 16 de julho de 1875, em Alcântara, Maranhão, Brasil como filho de José Cursino da Silva Raposo e Maria Tereza de Viveiros Raposo. Faleceu em 21 de julho de 1945, no Rio de Janeiro, brasiliense, aos 70 anos. Poeta, jornalista, desenhista e político. Formou-se em arquitetura pela antiga Academia de Belas-Artes. Foi jornalista na cidade do Rio de Janeiro, fez parte da redação do Jornal do Brasil. Foi também professor de Filosofia do Direito e de Metafísica, na Faculdade do Rio de Janeiro. Como Deputado destacou-se pela luta em defesa dos trabalhadores. Escreveu quase em todos os gêneros literários, seus poemas abordavam temas sobre mistérios, tragédias e comédias. Neste âmbito, produziu uma obra (Philosophia de Confucio) que compreendeu sua versão dos quatro livros básicos da doutrina Confucionista: o Lunyu 論語 (Analectos ou Diálogos), Daxue 大學 (Grande Estudo), Zhong Yong 中庸 (O Justo Meio) e o Mengzi 孟子 (Livro de Mêncio).
Encantado com a obra do filosófo chinês, se motivou em trazer as obras confucionistas como um guia moral para os brasileiros, em uma época em que as tensões sociais desafiavam abertamente os valores e crenças. Raposo admirava em Confúcio o caráter pragmático de sua doutrina: “A filosofia de Confúcio é toda prática” (RAPOSO, 1939, p.8) e que, por isso, não incomodava os padrões religiosos ou culturais instituídos, mas clamava por uma ética de respeito mútuo e pela boa condução dos negócios públicos (o que os positivistas consubstanciaram no indefectível lema “Ordem e Progresso”). Subjaz ao trabalho de Raposo, igualmente, a invocação do pensamento antigo como saída para a contemporaneidade, uma ideia que fora defendida pelo próprio Confúcio.
Sua obra teve uma considerável recepção de público e da imprensa, o que resultou numa resenha da 'Gazeta de Notícias' que tratou a obra e o autor em tom elogioso, enaltecendo sua importância enquanto intelectual. Raposo também viria a fundar o predecessor do atual Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em um prédio histórico que ainda hoje serve aos cursos de História, Filosofia e Ciências Sociais na capital carioca. A resenha consubstanciou a trajetória dos estudos filosóficos no país – e dentre eles, o pensamento asiático (ou ao menos, Confúcio) era considerado uma vertente válida.
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