Orientalistas Brasileiros é um dicionário online sobre pesquisadores brasileiros que se dedicaram ao estudo do ‘Oriente’ em suas amplas dimensões geográficas e culturais. Esse projeto foi financiado pelo Programa Pró-Docência da UERJ, ano 2022, e está ligado ao Projeto Orientalismo da UERJ, sob coordenação do Dr. André Bueno, Prof. de História Oriental da UERJ.
O presente
projeto se inspirou diretamente no Dicionário de
Orientalistas de Língua Portuguesa, iniciativa coordenada pela Prof. Dr. Eva-Maria
von Kemnitz (1950-2017) do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (CECC) da
Universidade Católica Portuguesa de Lisboa. Esse projeto foi pioneiro em mapear
estudiosos lusófonos sobre a Ásia e Oriente Médio, eventualmente incluindo
alguns pesquisadores brasileiros.
Já o
trabalho desenvolvido em Orientalistas
Brasileiros atende a uma dimensão mais específica, circunscrita ao cenário
dos estudiosos brasileiros até o final do século 20, no período pré-rede
eletrônica mundial [internet]. Esses pressupostos serão apresentados a seguir,
explicando nossas orientações teóricas, metodológicas e temáticas.
Orientalistas?
Desde as
discussões lançadas por Edward Said em seu livro ‘Orientalismo’
[1979], o termo ‘orientalista’ tem sido objeto de debate por vertentes
intelectuais diferentes. Apesar de ele ter ganhado um caráter pejorativo e
controverso, pelas diversas implicações que possui dentro de uma agenda
colonialista, ele igualmente foi resignificado por pensadores que compreendem
que os estudos orientais [na ampla diversidade de expressões possíveis] tem uma
trajetória histórica multifacetada, que representam também a evolução do
conhecimento e a luta contra preconceitos. É uma das ‘Descobertas
imperiais’ [e porque não dizer, imperativas?] epistêmicas do século 21,
como bem afirmou Boaventura de Souza Santos. No caso específico do Brasil,
desde a época imperial [1822-1889], um Orientalismo de características próprias
desenvolveu-se a partir de matrizes culturais próprias, como indicado por Adriano
Mafra e Christiane Stallaert. Nesse sentido, o presente projeto não se
conduz pela ideia de uma interpretação única de ‘Orientalismo’, mas pela
percepção da existência de várias correntes distintas acerca deste termo. Uma discussão
sobre as Visões
do Orientalismo de A. Bueno delineia algumas ideias sobre essas diferentes
escolas.
Isso significa
que, no âmbito desse projeto, ‘Orientalista’ é um termo que implica tão simplesmente
nos autores brasileiros que se dedicaram, em algum momento, a estudar uma das
expressões culturais dos muitos orientes possíveis, e trazê-las ao nosso
público. As questões de cunho analítico sobre cada uma dessas produções é deixada
a cargo dos leitorxs.
Contexto
Os estudos
sobre oriente no Brasil foram, desde o século 19, quase todos levados a cabo
por iniciativas individuais e pioneiras, a par de pontuais tentativas de
inserção institucional. As dificuldades para a realização desses
empreendimentos eram muitas: limitações econômicas, restrições políticas,
preconceitos culturais e um currículo universitário tradicionalmente
eurocentrado, onde a presença de Ásia e África não era contemplada, tornavam os
estudos orientais pouco viáveis no contexto brasileiro. O Brasil era um país
com poucos especialistas, que via de regra, só contavam com suas bibliotecas e
acervos particulares. Muitos eram viajantes, tradutores ou atuavam na
diplomacia, fornecendo uma base ilustrativa sempre digna, dentro do possível e
apesar de todas as limitações.
No final do
século 20, principalmente a partir dos anos de 1990, a abertura política do
Brasil, bem como a revolução informativa provocada pelo surgimento da rede eletrônica
mundial, redimensionaram as possibilidades de realização de estudos orientais
no país. O acesso a recursos diversos, como traduções, livros e o contato com
especialistas ampliou exponencialmente a formação de grupos de pesquisa. Ainda demorariam
alguns anos para que esses efeitos fossem sentidos; mas a partir dos anos de
2010, já se podiam apontar algumas iniciativas acadêmicas bem estabelecidas.
Por essa
razão, o contexto definido para o nosso projeto foi o período até os anos de
1990, quando esses pesquisadores abriram caminho e pavimentaram as bases para
um posterior desenvolvimento dos estudos orientais no Brasil. Orientalistas Brasileiros é uma
pesquisa, mas também um tributo, a essas personagens importantíssimas no
desenvolvimento dos nossos saberes e de uma verdadeira diversidade democrática.
Cumpre salientar o papel decisivo que essas produções tiveram durante um longo
período em que o acesso a informações era caro, complexo e eventualmente
atualizado. Embora os pesquisadores de hoje conheçam pouco sobre essas figuras,
e possam contar com informações atualizadas sobre diversas questões
internacionais, é preciso lembrar que foram os ‘orientalistas’ que mantiveram
vivo o interesse por esse vasto campo de estudo em nosso país, e trouxeram
importantes contribuições que merecem ser revistas e analisadas.
Importante ainda
lembrar que alguns pesquisadores aqui elencados seguem atuantes, e suas
produções continuam a revelar um valor inestimável para a construção do
conhecimento brasileiro. Uma nota importante: muitos desse autores se dedicaram aos mais diversos temas; por essa razão, indicaremos somente as produções de cunho orientalista, de acordo com o escopo desse projeto.
Metodologia
A metodologia
de trabalho definida para esse projeto constituiu-se de duas etapas:
primeiramente, elencar os pesquisadores a seres biografados; em seguida,
relacionar suas bibliografias e possíveis indicações de consulta.
A relação
dos pesquisadores buscou ser a mais ampla possível, incluindo estudiosos do
Médio Oriente, Índia e Extremo Oriente. Recorremos a bases de pesquisa físicas,
notadamente da Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro, e a sítios de pesquisa disponíveis na rede. O uso dos recursos
eletrônicos, cabe citar, foi fundamental para recolher os fragmentos
informativos autorais e sobre as obras.
Na produção
das biografias, deu-se preferência a reprodução de informações já disponíveis e
abalizadas sobre os personagens, referenciando, como é o procedimento usual de
citação, as fontes utilizadas. Alguns dos pesquisadores aqui presentes possuem
sítios dedicados às suas obras, que indicamos como recursos indispensáveis.
As relações
bibliográficas [salvo o caso dos sítios dedicados aos pesquisadores] foram
produzidas pelos integrantes do Projeto, a partir das pesquisas em rede e nas
bases de arquivos.
Projeto Orientalismo-Prodocência
O Projeto
Orientalismo-Prodocência é parte do Projeto Orientalismo da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, reg.6078. O Projeto
Orientalismo surgiu em 1998, e desde então tem se dedicado a difusão, em
âmbito eletrônico, de fontes e estudos sobre Ásia antiga no Brasil. O objetivo
do projeto tem sido, fundamentalmente, viabilizar a criação de um espaço para a
pesquisa e o ensino dos estudos orientais no país, que dialogue de forma
integrada com os demais cursos de Ciências Humanas. Notadas
as dificuldades epistêmicas para a abertura desse campo, o projeto tem
organizado recentemente simpósios de estudos
orientais, e promovido a publicação de
várias obras nesse sentido.
O Projeto
Orientalismo-Prodocência é uma extensão do mesmo que atendeu a chamada do
Programa Prodocência da UERJ/2022, destinado a produzir e realizar atividades
de cunho didático, pedagógico e atuar junto a instituições de ensino, tanto no âmbito
escolar quanto universitário. Como parte dessa iniciativa, o Proj.Ori-Prodocência
está desenvolvendo o presente sítio e uma coleção de materiais didáticos sobre
China e Índia antigas a ser lançada em breve.
Integrantes
Prof. Dr. André Bueno [Coordenador]; Letícia Pereira Capello [Letras Japonês]; Vivianne Almeida Barbosa [História]; Vittoria Sampaio [Arqueologia]; Victor Correia [História]; Roberta Soares da Silva [História].
Como citar [exemplo]:
SAMPAIO, Vittoria. 'Ricardo Joppert-verbete' in Bueno, André [org.] Orientalistas Brasileiros. Rio de Janeiro: Proj. Orientalismo/UERJ, 2022 Disponível em: https://orientalistasbrasileiros.blogspot.com/p/ricardo-joppert.html
Registro de Obra
BUENO, André [org.] 'Orientalistas Brasileiros'. Rio de Janeiro: Projeto Orientalismo/UERJ, 2022. ISBN: 978-65-00-56062-6
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